Rumo a uma cultura de cooperação biomimética

Elisabet Sahtouris, PhD

Gaia Education
15 min readJan 3, 2018

Três crises graves — energética, econômica e climática — nos confrontam agora de forma simultânea e global, gerando o maior desafio em toda história da humanidade. São tão grandiosas, tão sérias, que nada do que for feito sem uma revisão fundamental em nosso estilo de vida no planeta Terra será pertinente para enfrentar, com êxito, esse megadesafio.

Essa situação, sem precedentes em nossa história, na verdade faz deste um momento muito oportuno para criar o mundo que tanto queremos!

Seria um sonho vazio, uma propensão fantasiosa de “criar a própria realidade”?

Vejamos: nós, humanos, criamos a realidade que temos hoje. Ela não nos foi imposta pelo destino ou por qualquer outro agente externo. Enquanto algumas pessoas podem alegar que não tivemos nada a ver com o aquecimento global, poucos negariam que devastamos o ecossistema do planeta e que carregamos o ar com poluentes. Quantos alegariam que não tivemos escolha na maneira de produzir energia ou insistiriam que a Mãe Natureza nos impôs o nosso próprio sistema monetário? Nós humanos imaginamos e, então, concretizamos nossos sistemas econômicos, nosso percurso tecnológico por meio da exploração da natureza, nosso foco no consumismo e nossos extremos de riqueza e pobreza humanas. Somos uma espécie extremamente criativa. Mas algo deu muito errado; algo que não previmos, e temos uma séria dificuldade de entender e enfrentar esse fato.

Se realmente observarmos a Natureza, vemos de forma geral que Ela não conserta o que não está quebrado. Ela é bastante conservadora quando tudo está indo bem, e radicalmente criativa quando não está. Faríamos bem se esquecêssemos nossa política partidária e mimetizássemos essa abordagem em prol dos caprichos da vida. Vale a pena recordar o estudo clássico sobre as civilizações falidas de Arnold Toynbee (1946). Nele, a concentração extrema de riqueza e o fracasso em mudar quando necessário provaram ser os dois fatores cruciais. Essas são, em suma, as condições atuais da nossa economia global, e uma enorme mudança se faz necessária.

Houve sistemas culturais humanos criados para se manterem sustentáveis por milhares de anos, então por que a supereconomia mais avançada, pós-industrial e high-tech, de alcance planetário, está provando, em poucos séculos, ser insustentável? Para entender o porquê, devemos inicialmente avaliar a questão econômica como um todo.

Economia básica

O que é uma economia? Vou me aventurar a definir a essência de uma economia como a soma das relações envolvidas na aquisição de matéria-prima, sua transformação em produto final, sua distribuição e uso ou consumo, e o descarte e/ou reciclagem do que não é consumido. Essa definição — e é muito importante que se entenda isso — é aplicável tanto à economia humana como às economias de ecossistemas naturais, assim como às incrivelmente complexas economias que operam em nosso corpo.

A Terra tem 4 bilhões de anos de experiência em economia e muito possivelmente tem algo a nos ensinar. Só para começar, a natureza recicla tudo o que não é consumido, razão pela qual conseguiu criar diversidade e resiliência em níveis infindáveis, de complexidade espantosa, utilizando sempre o mesmo conjunto das mesmas matérias-primas finitas. Além disso, com ou sem a nossa presença, a natureza possivelmente continuará fazendo isso enquanto o sol benevolente brilhar, embora — ou talvez porque — sofra crises periódicas que a levam à criatividade. Vejamos como o planeta enfrenta essas crises.

Observe que a economia da Terra, assim como a nossa, é uma economia verdadeiramente global, composta de várias economias ecossistêmicas locais interconectadas e entrelaçadas por um sistema global formado por ar, água, clima/meteorologia, placas tectônicas, migrações, e não menos importante, um conjunto genético único.

A crise como oportunidade na natureza

Enfrentamos uma Era do Fogo iminente. Cerca de 55 milhões de anos atrás, a Terra passou pela sua última Era do Fogo. Nesse meio-tempo, desde o surgimento da humanidade, nossa espécie enfrentou e sobreviveu a, no mínimo, uma dezena de Eras do Gelo. Apenas a partir da última delas é que conseguimos desfrutar — perante uma perspectiva humana — de um clima estável, favorável, no qual civilizações humanas evoluíram. Isso foi possível porque a última Era do Fogo e um meteoro que chacoalhou a Terra extinguiram os répteis gigantescos e deram o pontapé inicial para uma onda de evolução de mamíferos. A crise para alguns foi a oportunidade para outros, no jeito inventivo da natureza.

Nos Xistos de Burgess, localizados entre dois picos nas Montanhas Canadenses, próximas a Banff, Canadá, jaz um testemunho fóssil da Era Cambriana, 520 milhões de anos mais velha que a nossa. Ali ocorreu uma das reações mais “oportunas” a uma crise na história da Terra. O interessante é que isso aconteceu durante um período de mares mornos e nenhum gelo polar — parecido com o que nós, talvez, estejamos enfrentando –, relativamente pouco depois de um clima “Terra bola de neve”. Neste período cambriano, antes das plantas e dos animais terrestres aparecerem, a vida marinha invertebrada já havia atingido uma variedade anatômica básica, que mais de 500 milhões de anos de evolução subsequente não ampliaram. O registro fóssil desta “Explosão Cambriana” mostra uma propagação de animais ocupando esses nichos vagos, esvaziados pela extinção da fauna preexistente. Mais uma vez, crise para alguns, oportunidade para outros.

Vamos adentrar mais ainda no passado. Na Era Cambriana, a vida terrestre já havia ultrapassado muito mais da metade de sua trajetória evolucionária. Na verdade, na primeira metade da evolução biológica na Terra — aproximadamente 2 milhões de anos –, as archaea (arqueobactérias) tiveram o mundo todo para si. Evoluíram para uma diversidade maravilhosa de estilos de vida na sua maciça proliferação, desde as profundezas do oceano aos picos das montanhas mais altas. Alcançaram até mesmo a vida nas maiores alturas do céu; transformaram, dramática e completamente, paisagens e superfícies marinhas mais rasas, assim como a composição química da atmosfera. Fora do mundo científico, o impacto das archaea ainda está para ser compreendido de fato, embora tenham sido pioneiras de situações econômicas e tecnológicas, tais como o aproveitamento da energia solar, a construção de motores elétricos e o desenvolvimento da primeira rede mundial de troca de informações (World Wide Web), cujo crédito é atribuído aos humanos, como descreverei a seguir. (Observe nossa biomimética inconsciente!) Meu argumento aqui é que as arqueobactérias, nos primórdios da evolução da vida terrestre, foram as primeiras a responderem de forma extraordinária às crises globais — crises geradas por elas mesmas, devemos observar, diferentemente das grandes extinções mais recentes.

A primeira destas reações foi direcionada a uma escassez mundial de comida, que ocorreu porque as primeiras arqueobactérias, após se espalharem pelo planeta inteiro, comeram toda comida disponível — açúcares e ácidos quimicamente produzidos via radiação solar UV. O espantoso em sua reação foi o fato de terem utilizado sua própria cadeia genética para modificar suas vias metabólicas a fim de aproveitar a luz solar e produzir comida, num processo que conhecemos como fotossíntese. Se pudéssemos copiar isso em escala humana, segundo Daniel Nocera, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (M.I.T.), nossas necessidades energéticas seriam supridas enquanto a Terra e nós vivêssemos. (Observe nossa necessidade de biomimética nesse aspecto!)

Antes da fotossíntese, as bactérias tinham de viver na água do mar ou no subsolo, longe da luz solar escaldante. Para operar na luz solar, os organismos fotossintetizantes recémformados foram forçados a inventar enzimas que funcionassem como protetor solar, enquanto viviam dos raios solares, dos minerais e da água que havia em abundância. Infelizmente, embora tenham se saído extremamente bem nesse aspecto, criaram, inadvertidamente, a grande crise global seguinte, gerando poluição atmosférica e levando-nos ao próximo exemplo notável de como usar a crise como oportunidade.

Assim como as plantas dos dias atuais — herdeiras de seu estilo de vida –, as arqueobactérias fotossintetizantes liberavam oxigênio como gás residual. Não havia, até então, nenhuma criatura dependente de oxigênio, e, assim, este gás, altamente corrosivo, após ter sido absorvido o máximo possível pelos mares, pelas rochas e pelo solo avermelhado, acumulou-se na atmosfera em quantidades significativas e perigosas. Somada aos perigos diretos da corrosão assassina, essa poluição criou a camada de ozônio, que causou uma diminuição ainda mais acentuada do antigo suprimento de alimentos de açúcares e ácidos, que demandam a passagem livre dos raios UV pela atmosfera.

Mais uma vez, a existência reage inventando um novo e espantoso estilo de vida: uma forma completamente nova de viver, usando o próprio oxigênio para quebrar moléculas de alimento, no estilo de vida biológico mais high-tech inventado até o momento, o qual nós mesmos herdamos e chamamos de “respiração”. As bactérias que respiravam oxigênio liberavam o dióxido de carbono necessário às fotossintetizantes, completando assim um ciclo de troca do qual seus herdeiros, plantas e animais, inclusive nós, ainda participamos.

A vida tem um jeito dinâmico de oscilar entre problemas e soluções, o que parece manter a evolução em curso. As “respirantes” precisavam de moléculas de alimento para quebrar à medida que ele escasseava. Solução: elas inventaram motores elétricos arquitetados dentro de suas membranas, muito mais engenhosos que as máquinas desenhadas pelo homem até o presente, anexando a eles flagelos para atuar como propulsores. Essas respirantes high-tech abriam caminho por entre grandes e vagarosas bactérias em fermentação, que denominei “borbulhantes” (Sahtouris, 2000). Isso deu início ao colonialismo bacteriano, no qual respirantes invadiam borbulhantes atrás de suas moléculas de “matéria-prima”. Ao se reproduzirem, por divisão, dentro das borbulhantes, estas eram literalmente ocupadas por aquelas, que exploravam e drenavam seus recursos, deixando-as enfraquecidas ou mesmo mortas. (O colonialismo humano é biomimética?)

Nesse mundo primitivo, podemos imaginar que os muitos conflitos resultantes da escassez de alimento e da superpopulação causaram estragos, mas eles, ao mesmo tempo, levaram à inovação. Por fim, nesses encontros, as arqueobactérias de alguma forma descobriram as vantagens da cooperação sobre a competição: alimentar seus inimigos é mais eficiente no quesito energia (leia-se: menos dispendioso) do que matá-los.

Leia a última frase novamente, pois ela é a descoberta mais importante que qualquer espécie em fase de maturação pode fazer, e está em nossa ordem do dia nesse momento!

Desde o começo, nos estilos de vida em evolução, as archaea eram capazes de trocar genes livremente entre si, independentemente do seu tipo, em uma grande rede mundial de troca de informação (World Wide Web), na qual qualquer bactéria teria acesso às informações do DNA de qualquer outra. Elas, então, desenvolveram uma miríade especial de formas e estilos de vida ou funções celulares como: fixar nitrogênio, locomover-se com propulsão de flagelos e viver entre milhões.

A glória suprema de todas as conquistas foi a evolução das comunidades coletivas gigantescas, com divisões de tarefa extremamente sofisticadas, e que acabou gerando o único tipo de célula que jamais conseguiu honrar o cenário evolutivo: as células nucleadas, das quais nós mesmos somos compostos. Isso pode ter começado — como descobriu o microbiólogo Lynn Margulis e outros pesquisadores — quando invasoras respirantes sentiram que suas hospedeiras borbulhantes enfraqueciam e empregaram as azul-esverdeadas (fotossintetizadoras) na produção de alimento para a colônia inteira. Os motores das respirantes ofereciam transporte ao trabalhar em uníssono com a membrana celular das borbulhantes, levando a colônia até a luz solar. Ali as azul-esverdeadas poderiam trabalhar o necessário (Margulis, 1998).

Nessas cooperações, aparentemente, cada bactéria especializada doou DNA do qual não precisava para completar sua função especial em uma biblioteca de genes coletiva, que se tornou o novo núcleo celular. Até hoje, nossas células, assim como as de plantas, animais e fungos, contêm descendentes dessas arqueobactérias na forma de mitocôndrias (respirantes) e cloroplastos (fotossintetizadoras).

Células nucleadas passaram por outro bilhão de anos repetindo os ciclos de competição e criatividade juvenis até amadurecerem para a cooperação na forma de criaturas multicelulares. Esse foi o último grande salto na evolução, por volta de 1 milhão de anos atrás, unindo-nos ao Período Cambriano, quando esse modelo evolutivo realmente deslanchou — como descrito anteriormente. Desde então, criaturas multicelulares vêm competindo na juventude e cooperando na maturidade.

Amadurecimento durante a crise

Na minha visão de bióloga evolucionista, então, o padrão essencial na evolução de todas as espécies desde tempos imemoriais é, justamente, a curva de amadurecimento, partindo das economias competitivas, expansivas e jovens e chegando às economias cooperativas, estáveis e maduras. Pode-se observar isso no que ecologistas, hoje em dia, classificam como os ecossistemas Pioneiros Tipo I e ecossistemas Clímax Tipo III, assim como ao observar o histórico das economias das espécies, ao longo de 4 milhões de anos.

Algumas espécies nunca atingem a maturidade. Boa parte da humanidade conseguiu, mas apenas em nível tribal: inúmeros grupos humanos amadureceram em cooperação interna e com seus vizinhos, algumas vezes desenvolvendo economias complexas, com grandes cidades e muitos artefatos, como se pode encontrar em Catal Huyuk, na Turquia, e em muitos outros lugares na África, Ásia, Américas do Norte e do Sul. Cooperação madura, com outros humanos, assim como com grandes animais, foi, sem dúvida, algo que desempenhou um importante papel na sobrevivência a uma dezena de Eras do Gelo. Em torno dos últimos 6 mil anos, construímos civilizações: sistemas políticos e socioeconômicos de porte relativamente grande, com infraestruturas complexas, tendo sido, em sua maioria, cooperativos internamente, independentemente de insurreições ocasionais. Porém, essas cooperações maduras — como a célula nucleada e a criatura multinucleada antes delas — eram entidades novas em outra escala de grandeza e, portanto, seguiram, no modo jovem de expansionismo, em competição. E, então, a Era dos Impérios — que se transformaram, ao longo do tempo, em impérios nacionais e, depois, corporativos — havia se iniciado.

Portanto, impérios humanos imitam relativamente bem a fase expansiva e competitiva das espécies jovens na natureza, desde as archaea às gramíneas — que evoluíram em paralelo com os humanos e ainda estão na fase juvenil de conquistar e transformar qualquer coisa para se manter no jogo, como Darwin

descreveu tão bem. O interessante é que os humanos e aquelas jovens gramíneas — chamadas pelos humanos de “grãos” ou “milho” — passaram a depender um do outro.

Sim, a evolução darwiniana descreve a fase juvenil, e essa é precisamente a razão pela qual os empreendedores da nossa Era Industrial amavam essa teoria, tanto quanto a União Soviética amava a versão evolutiva de Kropotkins, conhecida como Apoio Mútuo, que racionalizava o coletivismo, tendo tudo a ver com as fases cooperativas da evolução das espécies. Na primeira, a comunidade foi sacrificada em prol dos interesses pessoais; na segunda, os interesses individuais foram sacrificados para manter a coletividade. Duas meio-teorias que fazem um todo quando unidas e formam as conexões entre os diferentes tipos de ecossistemas dos ecologistas. A curva de amadurecimento do aprendizado reúne tudo em uma elegante unidade.

Reconhecer que nosso estilo de vida é insustentável (literalmente sugerindo que devemos viver de forma diferente) é uma percepção nova e vital, sem a qual não veríamos nenhuma necessidade de modificar o modo como vivemos no que pareceria ser um planeta infinitamente provedor. Este lugar agora foi claramente devastado e levado a um ponto crítico, se não além, por nosso jovem império.

Toda a nossa tecnologia veio da biomimética — desde fiar como o bicho-da-seda, tecer como as aranhas, até construir como os cupins, criar túneis como as toupeiras, voar como pássaros, calcular como o cérebro, usar radares como os dos morcegos e sonares como os dos golfinhos, e assim por diante. Mas chegou a hora do maior e mais grandioso feito evolucionário biomimético de todos: recuar um pouco em nossa expansão econômica — muito parecido com o que nosso corpo fez ao atingir o tamanho maduro — e transformarmo-nos, de forma a manter uma sustentabilidade estável.

Observando nossa história recente, vemos várias experiências de cooperação nos empurrando em direção à maturidade cooperativa verdadeiramente global: eles vão dos Estados Unidos à União Europeia, da OTAN à Organização do Tratado do Sudeste Asiático (SEATO), de alianças ao Parlamento Mundial das Religiões, de uma Corte Mundial, de Estações Espaciais Internacionais, de vistos que atravessam culturas e moedas mistas ao Controle de Tráfego Aéreo Internacional, e assim por diante.

A internet é o maior sistema vivo auto-organizável criado pelo homem e está modificando tudo. As hierarquias verticalizadas que trabalharam para manter e expandir impérios estão dando espaço a sistemas vivos mais democráticos e, até mesmo, a meios mais maduros de nos organizarmos e governarmos; e as economias da dádiva surgindo por toda a internet, assim como nas comunidades locais, biomimetizam economias de espécies maduras.

Se há um sistema biológico que pode nos dar pistas de um modelo mais próximo e pessoal disponível para todos, esse sistema é o nosso próprio corpo. Quando se trata de pensar no futuro, não há economia mais incrível e madura para imitar do que o corpo no qual cada um de nós, independentemente da convicção política, perambula por aí — corpo no qual nenhum órgão explora o outro para benefício próprio ou interfere na diversidade, tentando fazer dos outros órgãos algo parecido consigo mesmo.

Cada uma das mais de 1 trilhão de células do corpo humano tem algo em torno de 30 mil centros de reciclagem, apenas para manter saudáveis as proteínas das quais ele é feito. Cada um deles é tão sofisticado quanto uma máquina trituradora seria se nela fosse possível inserir uma árvore morta ou danificada para extrair, do outro lado, uma árvore viva e saudável, e não um monte de lascas de madeira. Eles existem em conjunto com milhares de bancos mitocondriais, liberando seus cartões de débito gratuitamente, 24 horas por dia, sem juros, não exigindo nem mesmo a devolução do que foi gasto — eis aí um sistema monetário que poderíamos muito bem imitar o quanto antes, em vez de ficarmos com nossa moeda concentradora de bens e dívidas.

É claro, para mim, que a fase cooperativa madura das espécies é normalmente trazida pelas crises, e sou grata por observar como a grande maioria dos humanos se torna extremamente cooperativa em tempos de desastres, sobrevivendo à predação dos poucos para criar bem-estar para muitos. A colaboração está em nossos genes, em nosso sangue e em nossos ossos. Já passamos por isso antes, só que nunca em nível global.

As espécies que se tornam sustentáveis — que sobrevivem por um longo tempo — alcançam sua fase madura colaborativa, enquanto outras, presas em comportamentos adolescentes que não lhes são mais úteis, acabam morrendo. A humanidade está agora à beira da maturidade, em meio a desastres provocados por ela mesma. Vamos nos inspirar no exemplo das nossas ancestrais terrestres mais antigas, as arqueobactérias — as únicas outras criaturas da Terra a criar desastres globais por seu próprio comportamento e a solucioná-los. Vejamos se podemos nos sair tão bem quanto elas! Deixemos que uma economia global cooperativa e madura seja nosso objetivo, e façamos com que isso seja tão eficiente e flexível quanto nosso próprio corpo altamente evoluído.

A economia global que criamos, àvida por recursos, em um jogo de monopólio competitivo baseado na dívida e alimentado por combustíveis fósseis, foi uma fase jovem necessária. Estamos prontos agora para dar um salto rumo à maturidade. Nós, as pessoas, podemos declarar nossa solidariedade umas para com as outras por todo globo, podemos parar de fazer guerra umas contra as outras, arregaçar as mangas e trabalhar pelo desenvolvimento positivo de fontes limpas de energia; podemos levar cidades costeiras para o topo das montanhas, reinventar a moeda, tornar verdes os desertos e cooperar em toda nossa diversidade cultural e religiosa, a fim de criar um mundo que sirva para todos — sigam ou não nossos governos nessa direção.

Como Rumi questionou: “Por que permanecer na prisão se a porta está escancarada?”.

SOBRE ESTA SÉRIE

O físico Fritjof Capra sugeriu que se seguirmos a atual crise ecológica, social e econômica no contrafluxo começaremos a perceber que todas elas decorrem de uma crise de consciência mais profunda. As histórias que contamos sobre quem somos e por que estamos aqui já não servem à humanidade. Os sistemas de valores e visões de mundo atualmente predominantes são motores de nossos comportamentos insustentáveis. Na tentativa de criar um Design para a Sustentabilidade, temos que prestar mais atenção a essas visões de mundo e sistemas de valores e como afetam o que enxergamos, moldam nossas necessidades reais e percebidas e informam (direcionam) nossas intenções, bem como a maneira como projetamos soluções.

O curso online de Educação Gaia de Design para a Sustentabilidade oferece uma oportunidade de aprender como fazer diferença em sua comunidade​, bairro, cidade​ e região. A dimensão Visão de Mundo do curso em ​P​ortuguês começa dia 15 de janeiro e só restam poucas vagas para este ano, por isso faça sua inscrição agora!

Esta série de trechos do módulo Visão de Mundo, uma coleçao de artigos reunidos no livro ‘The Song of the Earth — A Synthesis of the Scientific and Spiritual Worldviews’ — A Canção da Terra — uma Síntese de visões de M undo Científicas e Espirituais), oferece uma base para o currículo da dimensão Visão de Mundo tanto nos programas Gaia como nossos programas Design para Sustentabilidade online. Esta série destaca alguns artigos clássicos desta coleção. Divirta-se!

Este artigo é apresentado em The Song of the Earth (A Canção da Terra) — o quarto volume de ‘Four Keys to Sustainable Communities’ de Educação Gaia (apoiado oficialmente pela UNESCO). O livro está disponível para compra aqui e na loja online de Educação Gaia:

Educação Gaia é um provedor de ponta de educação em sustentabilidade que promove comunidades prósperas em todo o planeta.

Quer saber o que você pode fazer? A dimensão Visão de Mundo do curso começa dia 15 de janeiro e ainda restam poucos lugares, então inscreva-se agora!

Originally published at medium.com on January 3, 2018.

--

--

Gaia Education
Gaia Education

Written by Gaia Education

Leading provider of sustainability education that promotes thriving communities within planetary boundaries.

No responses yet